Na conferência de imprensa de hoje, para apresentar os resultados da execução do memorando, um dos membros da Troika, o Sr. Jurgen Kroger, terá revelado algo que, tendo vindo a ser aventado, ainda ninguém assumiu claramente: os cortes dos subsídios no sector público são para manter.
Pode ser interpretação abusiva da minha parte. Mas a forma como o Sr. Kroger a eles se refere, como uma redução da massa salarial no sector público, e o apelo que faz para que o sector privado siga o mesmo caminho, bem como a análise que faz dos efeitos que a medida tem em termos de potenciar as transferências de trabalhadores da função pública para o sector privado, deixa transparecer uma ideia de que estamos perante uma medida estrutural e não conjuntural. Se tivessem dito à Troika que o corte é conjuntural, e não estrutural, este tipo de avaliação não seria possível.
Ainda ontem ouvimos a Secretária de Estado do Tesouro reafirmar que os cortes são pontuais e só se aplicam na situação de dificuldade excepcional que vivemos. Afirmou, aliás, que o corte dos subsídios, para sempre, seria inconstitucional.
Espero enganar-me, mas tudo aponta para que nos estejam a contar uma história mal contada. A ideia que fica é que os subsídios são mesmo para cortar, em definitivo.
E, a ser assim; é indispensável que se exija esclarecimento cabal. Estas coisas não podem passar assim.
Vivemos uma situação de grandes dificuldades e precisamos de encontrar as formas de as ultrapassar.
Bem sei que uma dessas formas, defendida pelos liberais que nos governa, passa pela redução dos custos do trabalho, como forma de conseguir o tão falado empobrecimento.
Eu não tenho as soluções. Mas não quero acreditar que a resolução da crise tenha que passar sempre pela redução dos rendimentos do trabalho. O esforço tem que ser de todos e tem que ser repartido no tempo para que o ajustamento não se transforme em destruição da sociedade que se pretende salvar.
E tudo tem que ser feito com base na verdade e na transparência, respeitando a democracia e os valores da equidade.
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