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3 de dezembro de 2010

A César o que é de César

Carlos César surpreendeu-nos hoje com uma decisão, que sendo aparentemente legal, porque será assumida no uso dos poderes da Autonomia, não lembra ao diabo.
E como dizia Henrique Monteiro na SIC Noticias ainda há pouco, não estamos a falar de legalidade, mas sim de politica. E, do ponto de vista politico, o que o Governo Regional dos Açores se prepara para fazer é um autêntico tiro no pé e uma atitude de desrespeito e de falta de solidariedade com as medidas difíceis que o Governo da República acaba de tomar. Não há nada que justifique tal atitude. Digo-o com pena e, enquanto socialista, manifesto aqui o meu desejo de que o Governo Socialista dos Açores mude de ideias e recue nesta intenção.
Para afirmação de Autonomia já chegou o braço de ferro a propósito do estatuto dos Açores. Também aí se foi longe de mais, em prejuízo, aliás, e em minha opinião, do PS no seu todo.
Esta crítica que aqui deixo, de forma clara, ao anúncio do Governo dos Açores, não significa que não reconheça a Carlos César o direito de discordar da medida tomada pelo Governo da República quanto à redução dos salários da função pública.
Discordar é um direito democrático de todos. Mas discordar é uma coisa, e podia tê-lo manifestado em tempo e lugar próprio, quer enquanto militante e dirigente do PS, quer enquanto Presidente do Governo Regional. Agora tornear as leis da República é outra coisa e não fica bem ao Presidente de um Governo Regional. Para desobediência regional já nos basta Alberto João Jardim que, aliás, aproveitou o facto para fazer demagogia, como se não tivesse já feito coisas semelhantes. Mas com as atitudes de Jardim posso eu bem.
A atitude de Carlos César quase que se assemelha à antecipação de dividendos por parte de grandes empresas para fugir à tributação prevista no OE. É legal, mas éticamente reprovável.