A SIC-N abriu o Jornal das Nove, de hoje, com a noticia dos acontecimentos de ontem no jantar do PS em Viseu. Até aqui nada de mal. O que aconteceu é noticia e, como tal, pode e deve ser tratado.
O que já não parece normal é que toda a noticia, que serviu de mote, aliás, à conversa com Laurinda Alves - que, com todo o respeito que tenho por ela, e é muito, se prestou, também, a um papel que não precisava - se tenha centrado no direito a um grupo de jovens ser ouvido pelo PM e SG do PS. Claro que têm esse direito. Todos temos o direito de ser ouvidos e de nos fazer ouvir.
Mas o que aconteceu terá sido isso? Aquele grupo de jovens tentou fazer-se ouvir, ou tentou perturbar uma iniciativa privada de um Partido politico?
Será normal que um jornalista trate esta noticia sem enquadrar e discutir o que aconteceu?
Ou seria normal que, neste momento, um grupo de jovens tentasse entrar nos estúdios da SIC, de megafone na mão, tentado impedir o Mário Crespo de falar? E se isso acontecesse, o que fariam os seguranças da SIC? deixariam entrar os jovens e davam-lhe acesso ao microfone?
Será que estou a ver a coisa mal ou o que seria normal, na atitude daqueles jovens, seria, uma vez que estavam numa iniciativa de um partido politico, que tomassem o seu lugar na mesa do jantar, para que parece terem pago o bilhete, ouvido o SG do PS, que estava no uso da palavra, e no fim, tivessem pedido a palavra, sem uso de megafone, colocando as questões que entendessem.
Tratar-se-ia de uma atitude de quem queria fazer-se ouvir, embora, convenhamos, não seja muito comum em iniciativas desta natureza. Numa iniciativa desta natureza há regras para se participar. E tratando-se de uma iniciativa partidária têm direito a falar os que lhe pertencem ou que tenham sido convidados. E mesmo, assim, quando a sessão prevê debate. O que nem sempre é o caso.
Ora o que aconteceu, e pela forma como as coisas se desenrolaram, foi, efectivamente, uma tentativa programada de perturbar uma iniciativa de um Partido politico. E isso é lamentável. E lamentável, também, que um jornalista, com a responsabilidade de Mário Crespo trate o assunto de forma tão enviesada. Não lhe fica bem e não é uma forma, a meu ver correcta, de fazer jornalismo.
E confesso que gostaria de ter ouvido alguma demarcação de Laurinda Alves desta forma de fazer jornalismo. Ela, que estava a apresentar um livro sobre comunicação, tinha essa obrigação. Não o fez. Foi pena.
Nunca é demais lembrar, e a comunicação social tem essa obrigação, que, em democracia, a liberdade de uns acaba onde começa a liberdade dos outros.
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