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6 de março de 2011

Ainda a crise

Bom artigo de Pedro Adao e Silva no Expresso desta semana, a propósito da crise da divida soberana e do controlo do deficit. A tese central do artigo é que " a austeridade unilateral é contraproducente se a Europa não fizer a sua parte".
Subscrevo inteiramente e acompanho as diferentes questões levantadas no artigo.
Alias, não consigo entender a teimosia do eixo franco-alemão e da Alemanha em particular, em recusarem o entendimento de que, como refere Wolfgang Münchau, citado por Pedro Adao, na linha de tantos outros economistas, " esta crise é tanto alemã como espanhol" e que " este reconhecimento deve ser o ponto de partida para qualquer sistema eficaz de resolução".
A surdez que vem das grandes potências europeias pode ter explicação numa leitura ideológica e politica, quer quanto à
necessidade de retirada do Estado das economias, deixando aos mercados a resolução dos problemas, na linha do salve-se quem puder, quer quanto a uma ideia de superioridade moral de alguns, que se acham no direito de castigar quem, supostamente, se portou mal.
Estas teorias têm adeptos quer na Alemanha quer em Portugal. Ouvi, esta semana, declarações do ex-presidente da CIP que me deixaram estarrecido.
JA aqui defendi, noutro post, que as soluções para a crise passam, antes de mais, por olhar para a intervencao, nas economias mais débeis,como forma de atacar um problema que é global e que essa intervenção deve ser olhada como uma ajuda e não como um castigo.
Mas, para alem daquelas explicações político-ideológicas, há uma outra explicação também identificada por Pedro Adão, que tem que ver com a Natureza das lideranças europeias. Tal como ele, também acho que a situação seria completamente diferente se houvesse mais espirito europeu no pensamento dos actuais lideres.
Tal como ele, também me parece que com lideres como Helmut Kohl, Gonzalez e Delors as coisas seriam diferentes.
Em resumo, como ja tenho escrito, acompanhando muitos outros, a superação da actual crise passa por mais Europa e impoe a emergência de lideres capazes de sustentar um projecto europeu que, incorporando soluções para os novos problemas do mundo em mudança acelerada, não abandone a conquista civilizacional que representou, e continua representar, o modelo social europeu, que foi possível construir numa feliz concertacao entre as famílias social-democrata e democrata-cristã.

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