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28 de março de 2011
BCE pondera aumentar a taxa de juro de referência na zona euro
Ouvi agora uma noticia que me deixou muito preocupado. O BCE prepara-se para aumentar a taxa de juro de referência que, há cerca de 2 anos, se mantém em1%. A confirmação desta noticia não ajudará nada a enfrentar a crise com que nos defrontamos. Esta provável decisão é tomada, claro está, em nome do controlo da inflação, que é a questão central do mandato do Banco. Apesar desta politica ser criticada por muitos economistas, como ainda fez hoje Krugman, as perspectivas monetaristas que comandam a acção do BCE mantêm-se. Esta posição fundamenta-se numa óptica que defende que, sempre que a inflação ultrapassa os 2%, o BCE deve intervir aumentando o juro para, assim, limitar o consumo e, com isso, controlar o aumento dos preços. Ora, sendo isto tendencialmente verdade quando a pressão inflaccionista tem origem no aumento da procura, ou seja, no aumento do consumo, importa ter em conta que a actual pressão sobre os preços não tem essa característica. A pressão inflaccionaista está, fundamentalmente, a ter origem do lado da oferta. São os preços das matérias primas, como o petróleo e também as alimentares, que estão a aumentar. E, quando isto acontece, o aumento das taxas de juro não produz, necessariamente, os efeitos desejados. Aconselho, para melhor compreensão desta tese, a visualização desta aula de economia sobre a morte e a ressurreição de Keynes. A decisão do BCE, que muitos contestam, e a confirmar-se, terá, como efeito imediato, um agravamento das condições do crédito às empresas e às famílias, ou seja, contribuirá para acrescentar mais factores de depressão na economia da zona euro e, especialmente, nos Países com mais dificuldades, como é o caso de Portugal. E isto não é, seguramente, uma boa noticia, nem para as empresas, nem para as famílias, nem, claro está, para ajudar na actual crise. O aumento da taxa de juro do BCE afectará a euribor e, por essa via, afectará, automaticamente, o aumento da prestação da casa, afectando muitos milhares de portugueses. Convenhamos que não é, exactamente, o que as famílias portuguesas precisam neste momento. Não haverá ninguém que possa meter um pouco de realismo nos processos de decisão do BCE? E a politica não pode fazer nada? Devo pedir desculpa aos economistas pelo atrevimento de me meter a comentar estas coisas. Eu, simples sociólogo. Mas parece-me que é uma questão de bom senso. Ainda por cima com o suporte em opinião de ilustres economistas.
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1 comentário:
Se os economistas falam de tudo e todos, por que raio os sociólogos não poderiam falar de economia?
A zona euro e a sua já tradicional política monetarista no seu melhor. Depois de optarem pela consolidação orçamental, ao invés de o fazerem uma aposta clara no crescimento, só faltava mesmo aumentarem a taxa de juro de referência! Que mais nos irá acontecer?
Abc,
Pedro Barosa
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