A situação de crise em que nos encontramos e as medidas que irão ser tomadas, para enfrentar a situação da dívida soberana, vão obrigar a grandes sacrifícios que, como tem sido enfatizado, deverão ser equitativamente distribuídos, não ficando ninguém de fora. Não podemos admitir que a crise que a todos afecta possa transformar-se em oportunidade de enriquecimento de alguns. Sabemos que esse perigo existe e importa tomar medidas para o evitar.
As medidas que constam do acordo com a Troika, que compromete todas as forças politicas do arco governativo, terão efeitos recessivos na nossa economia e, por essa via, repercutir-se-ão no aumento do desemprego, ao mesmo tempo que se assistirá a uma redução dos apoios sociais, numa altura em que seria necessário poder aumentá-los.
Para enfrentar estes problemas, tentando minimizar os efeitos das medidas, procurando proteger os grupos sociais mais vulneráveis, o governo assumiu o compromisso de elaborar e desenvolver um programa de emergência social, que, como foi dito pelo novo Ministro da Solidariedade e da Segurança Social, constitui uma das prioridades do seu Ministério.
Espera-se que desse programa resulte um efectivo apoio aos mais carenciados e que se trave a tentação para substituir as politicas públicas de combate à pobreza, por uma estratégia assistencialista.
Recentemente, o Sr. Presidente da República, numa cerimónia de entrega de prémios EDP Solidária 2011, chamou a atenção para a Responsabilidade Social das Empresas (RSE), apelando para que também elas assumam o seu papel no minimização dos efeitos da crise.
A RSE tem. felizmente, vindo a ocupar um lugar de destaque na actividade de algumas empresas, como é o caso da EDP. Muitos projectos de apoio social, cultural, ambiental, etc., têm sido desenvolvidos no nosso País nesse quadro. E será bom que se aprofunde esse caminho.
Penso, contudo, que será justo, neste momento, pedir algo mais às empresas para reforço da sua Responsabilidade Social. Acho, sinceramente, que não será descabido desafiar as empresas a criarem mais emprego, a promoverem o trabalho digno nas suas organizações e nas empresas com quem contratam serviços e a desenvolverem uma politica salarial justa.
Num momento de crise, como o que enfrentamos, poderemos pedir às empresas que aceitem, pelo menos transitoriamente, baixar um pouco os seus lucros e, com isso, combater o desemprego, a exclusão social e a pobreza que afecta pessoas com emprego.
A RSE é também isto. Não podemos ficar por uma ideia antiga que a liga a projectos dirigidos para fora da empresa, para apoio a instituições de solidariedade social que, sendo importante, não esgota o campo da RSE.
Criar emprego, promover o trabalho digno, combater a economia paralela, pagar salários justos são, entre outras, formas de mostrar um efectivo comprometimento com uma politica de responsabilidade social, mesmo que isso custe alguma redução temporária de lucros.
Com esta atitude, que não dispensará muitas outras, as nossas empresas mostrarão querer, também, ser parceiros activos no combate à crise.
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