A evolução da situação na Libia mostra que o mundo árabe não é todo igual. Mas não permite sustentar a ideia, que alguns defendem, da impossibilidade da emergência de movimentos e processos genuinamente democráticos no mundo árabe. Como diz um dos lideres do movimento 6 de Abril egípcio, a revolução árabe começou. Mas como adverte , em lúcido artigo no publico de ontem, Eduardo Lourenço, os processos não serão, nem podem ser, copias de modelos pronto a vestir produzidos nas sociedades ocidentais. Porque são diferentes os contextos históricos, culturais e religiosos. E como os processos de mudança não crescem em ambientes laboratoriais acepticos, serão sempre processos do seu tempo e marcados pelo seu contexto. Agora que o mundo está a mudar e que essa mudança está, neste momento, a atravessar o mundo árabe é verdade. Esperamos todos que essas mudanças, assumam elas as formas que assumirem, sejam criadoras de regimes que promovam o respeito pelos direitos humanos, em todas as suas dimensões, e que promovam a integração do mundo árabe na comunidade internacional, criando condições para a promoção da paz, no respeito pelas diferenças.
E, como em todos os processos de mudança, haverá tensões, contradições, perigos, curvas e contra curvas, etc. Porque é que deveria ser diferente? Houve algum processo de mudança no mundo, especialmente quando resultam de rupturas com regimes autoritários, que tenha sido linear e com desenvolvimentos traçados a régua e esquadro?
Lembremos-nos da nossa revolução democrática de Abril.
Eu também não tenho certezas. Só tento contrariar a ideia de que os árabes não são compatíveis com democracia. Talvez o modelo de democracia não seja exatamente igual ao nosso. Haverá formas adequadas ao contexto. E isso é algo que lhes cabe descobrir. Não há modelos à la carte que o ocidente tem para servir. Alias só temos feito disparates quando exportamos a mossa democracia.
Mas acompanho, claro esta, as preocupações quanto aos caminhos fundamentalistas que poderão ganhar lugar. Mas o mundo também mudou por ali e as novas gerações tem outra forma de estar.
Espero, sinceramente, que estejamos a assistir a um processo de construção de sociedades promotoras dos direitos humanos.
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