As ligações ferroviárias a Espanha continuam na agenda e não me parecem, ainda, esclarecidas.
A ligação directa de mercadorias, ao Norte e Centro da Europa, constitui, sem duvida, uma mais valia para as nossas exportações.
Para que isso aconteça é preciso que adoptemos a bitola europeia, como tem referido o Ministro da Economia e os diferentes agentes económicos, como foi o caso, ainda hoje, do Director da Autoeuropa em declarações ao Jornal de Negócios.
Isto é consensual e não merece, por isso, contestação.
O problema está em como consegui-lo.
É que, tanto quanto sei, em território espanhol as mercadorias não circulam em bitola europeia mas sim em bitola ibérica. E, assim sendo, uma opção imediata por bitola europeia do lado português, obrigara a transição de equipamento na fronteira luso-espanhola, quer no Caia, para a ligação que serve o porto de Sines, quer em Salamanca, para a ligação de Aveiro e que, agora, voltou a ser colocada em cima da mesa peloactual Ministro.
E o problema parece não estar resolvido, a avaliar pela declaração, atribuída ao Ministro Álvaro Santos Pereira pelo Jornal de Negócios, segundo a qual o ministro salienta a importância de que Espanha avance com os projectos de ligação ao resto da Europa.
Seria importante que se esclarecesse esta questão. E, se for caso disso, não ter problemas em adoptar a solução que estava projectada anteriormente e que previa a construção da infra-estrutura com travessa polivalente. Isto permitiria a utilização da bitola ibérica enquanto Espanha não tem bitola europeia e migração para esta quando estivesse reunidas condições do outro lado da fronteira. Apelo, mais uma vez, ao esclarecimento desta questão e a que não seja esquecido o problema do troco Sines-Poceirão que, a não ser resolvido convenientemente, poderá por em causa a rentabilidade da própria linha e do próprio porto de Sines.
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28 de setembro de 2011
Autoeuropa-boas noticias de Palmela
Boas Noticias de Palmela. A Autoeuropa aumentou, até Agosto, em 53,2%, a sua produção em termos homólogos prevendo um crescimento anual de 20 a 30% face a 2010, o que corresponde a 134 mil carros a produzir em 2011.
O futuro parece assegurado, sendo que para isso não será irrelevante o facto de, ainda este ano, se começar a fabricar o modelo Sharan para o mercado chinês.
Refira-se ainda que a fabrica tem vindo a aumentar a incorporação nacional, sendo de 60% o peso dos produtos portugueses, o que significa uma compra anual de 500 milhões de euros a fornecedores nacionais.
Outro motivo de satisfação é o aumento de emprego que, em 2011, subiu 8% face a 2010.
A inteligência, com que trabalhadores e empresa têm sabido gerir o processo de consolidação da fabrica, é um bom exemplo para que todos deveriam olhar.
O futuro parece assegurado, sendo que para isso não será irrelevante o facto de, ainda este ano, se começar a fabricar o modelo Sharan para o mercado chinês.
Refira-se ainda que a fabrica tem vindo a aumentar a incorporação nacional, sendo de 60% o peso dos produtos portugueses, o que significa uma compra anual de 500 milhões de euros a fornecedores nacionais.
Outro motivo de satisfação é o aumento de emprego que, em 2011, subiu 8% face a 2010.
A inteligência, com que trabalhadores e empresa têm sabido gerir o processo de consolidação da fabrica, é um bom exemplo para que todos deveriam olhar.
A propósito do 28 de Setembro. um video de um ano de revolução
A propósito do aniversário do 28 de Setembro fui encaminhado para um video da RTP sobre 1 ano de revolução, onde o assunto é tratado. Guardo-o aqui neste meu espaço par ap oder visitar sempre que precisar.
Reflectindo sobre as causas e as saídas para a crise
A crise que vivemos é grave. As suas causas são internas e externas e as soluções também. Dois bons textos no Expresso sobre as origens da crise-Miguel Sousa Tavares- e sobre as saídas - António Vitorino. Leitura recomendada. Há saídas. Assim a Europa acorde a tempo e nós saibamos fazer bem o que temos que fazer, resistindo ao excesso de zelo e evitando morrer da cura.
22 de setembro de 2011
Dívida pública online
Isto de ter um contador online da evolução da dívida pública de diferentes Países é muito giro. Não sei se isto é credível ou não, mas resolvi guardar para ir monitorizando.
21 de setembro de 2011
Dilma Russef fala alto na AG da ONU
Ouvir leituras lúcidas e inteligentes sobre a crise e as forma de lhe fazer frente é sempre bom. Quando essas leituras são feitas em português, sabem ainda é melhor. E quando isso é feito pela Presidente de um dos grandes da economia mundial, como é o caso do Brasil, sabe ainda muito melhor.
Pois é. Dilma Russef, Presidente do Brasil, falou sobre a crise, na Assembleia Geral das nações Unidas, e foi directa ao assunto.
Dizia ela, citando de memória, que a crise que vivemos é demasiado importante para que a sua resolução possa ser deixada nas mãos de meia dúzia de Países. A crise afecta todos e, por isso, tem que ser resolvida com o concurso de todos.
Acrescentou, ainda, que não é por falta de recursos financeiros que os países desenvolvidos não encontram soluções para a crise. É, sim, por falta de recursos políticos que impedem que se encontrem alternativas ao actual modelo de desenvolvimento.
É bom ouvir estas coisas tão simples, mas tão evidentes e necessárias, ainda por cima ditas em Português.
É isso aí Presidente Dilma.
Pois é. Dilma Russef, Presidente do Brasil, falou sobre a crise, na Assembleia Geral das nações Unidas, e foi directa ao assunto.
Dizia ela, citando de memória, que a crise que vivemos é demasiado importante para que a sua resolução possa ser deixada nas mãos de meia dúzia de Países. A crise afecta todos e, por isso, tem que ser resolvida com o concurso de todos.
Acrescentou, ainda, que não é por falta de recursos financeiros que os países desenvolvidos não encontram soluções para a crise. É, sim, por falta de recursos políticos que impedem que se encontrem alternativas ao actual modelo de desenvolvimento.
É bom ouvir estas coisas tão simples, mas tão evidentes e necessárias, ainda por cima ditas em Português.
É isso aí Presidente Dilma.
Ligações Ferroviárias a Espanha
Está criada a confusão na questão das ligações ferroviárias a Espanha, quer da alta velocidade para passageiros, quer da linha de mercadorias. As noticias dos últimos dias davam conta de que o TGV iria avançar para evitar perder fundos comunitários e pagar indemnizações. A obra conheceria, contudo, alterações e ajustamentos que viriam, depois, a ser sintetizados pelo Ministro da Economia, como uma linha ferroviária mista, em bitola europeia, de alta prestação.
Há quem diga que o TGV acabará por se fazer e que estas nuances, à volta do nome, seriam uma forma de salvar a face do Governo face aos compromissos que assumiu em campanha.
Até pode ser que isso seja verdade.Mas a questão é que, por força desses swings, podemos estar a avançar com uma solução que não servirá para nada porque não é peixe nem carne.
A bitola europeia não serve para as mercadorias porque em Espanha estas rolam em bitola ibérica. Assim, podemos ter um TGV, que o governo diz não querer e, por isso, lhe chama agora "alta prestação" para o poder ter, sem perder a face, mas não ter a linha e mercadorias que é aquilo que o governo diz querer salvaguardar.
Para além disso importa relembrar, mais uma vez, que a linha de mercadorias, que servirá o portio de Sines,
para ser efectivamente útil, tem que prever a solução para o actual ramal Sines-Ermidas, cujo traçado importa rever, solucionando os conflitos que, à sua volta, entretanto surgiram.
Alguém tem que aclarar estas questão antes que seja tarde.
Há quem diga que o TGV acabará por se fazer e que estas nuances, à volta do nome, seriam uma forma de salvar a face do Governo face aos compromissos que assumiu em campanha.
Até pode ser que isso seja verdade.Mas a questão é que, por força desses swings, podemos estar a avançar com uma solução que não servirá para nada porque não é peixe nem carne.
A bitola europeia não serve para as mercadorias porque em Espanha estas rolam em bitola ibérica. Assim, podemos ter um TGV, que o governo diz não querer e, por isso, lhe chama agora "alta prestação" para o poder ter, sem perder a face, mas não ter a linha e mercadorias que é aquilo que o governo diz querer salvaguardar.
Para além disso importa relembrar, mais uma vez, que a linha de mercadorias, que servirá o portio de Sines,
para ser efectivamente útil, tem que prever a solução para o actual ramal Sines-Ermidas, cujo traçado importa rever, solucionando os conflitos que, à sua volta, entretanto surgiram.
Alguém tem que aclarar estas questão antes que seja tarde.
Linha ferroviária mista
Linha ferroviária mista de alta prestação, em bitola europeia, parece ser a alternativa do Governo ao TGV. Não pretendo discutir isso agora. Só gostava de saber como é que as mercadorias chegam, ao centro da europa, em bitola europeia se as linhas de mercadorias em Espanha são em bitola ibérica. Alguém me ajuda a perceber?Esta linha é fundamental para o porto de Sines,pelo que importa acautelar que a ligação seja mesmo a que permite aumentar a sua competitividade.
20 de setembro de 2011
Obama quer que os ricos paguem a crise. E por cá?
Do outro lado do Atlântico iniciou se a luta pelo controlo do deficit. Obama socorre-se do multimilionario Warren Buffet, que ficara gravado na história com a introdução da chamada regra Buffett no novo dispositivo legal, para fundamentar o aumento de impostos sobre os ricos.
A regra é simples: ninguém que ganhe mais de 1 milhão de dólares/ano deve ser taxado, proporcionalmente, do que a classe media. Trata-se de taxar de forma maia justa os rendimentos de capital que, tal como cá, têm um tratamento mais vantajoso do que os rendimentos do trabalho. Parece, portanto, simples e justo. Como veio defender Warren Buffett.
Desta forma evita-se confundir a taxação dos ricos com os impostos de quem tem um bom rendimento proveniente do trabalho que está, por sua vez, taxado, de forma progressivamente crescente, em sede de IRS.
Bem sei que o peso dos muito ricos nos EUA é significativamente superior ao que temos entre nós. Mas não ficaria mal que, por aqui e na Europa, fizéssemos o mesmo. Alguma coisa renderia e, com isso, poderíamos aligeirar os sacrifícios que se estão a pedir a todos os portugueses e à classe media.
Uma proposta deste tipo foi apresentada pelo PS e não se entende porque não se aprova.
Como dizia Warren Buffett não é esse aumento de impostos sobre os mais ricos, que vivem dos rendimentos do capital, que os faz não investir. Ate porque se não investirem ficarão menos ricos.
A regra é simples: ninguém que ganhe mais de 1 milhão de dólares/ano deve ser taxado, proporcionalmente, do que a classe media. Trata-se de taxar de forma maia justa os rendimentos de capital que, tal como cá, têm um tratamento mais vantajoso do que os rendimentos do trabalho. Parece, portanto, simples e justo. Como veio defender Warren Buffett.
Desta forma evita-se confundir a taxação dos ricos com os impostos de quem tem um bom rendimento proveniente do trabalho que está, por sua vez, taxado, de forma progressivamente crescente, em sede de IRS.
Bem sei que o peso dos muito ricos nos EUA é significativamente superior ao que temos entre nós. Mas não ficaria mal que, por aqui e na Europa, fizéssemos o mesmo. Alguma coisa renderia e, com isso, poderíamos aligeirar os sacrifícios que se estão a pedir a todos os portugueses e à classe media.
Uma proposta deste tipo foi apresentada pelo PS e não se entende porque não se aprova.
Como dizia Warren Buffett não é esse aumento de impostos sobre os mais ricos, que vivem dos rendimentos do capital, que os faz não investir. Ate porque se não investirem ficarão menos ricos.
19 de setembro de 2011
Sangrar o doente debilita-o, não o cura
Paul Krugman lá vai insistindo no seu apelo contra a receita da austeridade que vai aniquilando a economia, não só no presente, mas com efeitos dificilmente ultrapassáveis no futuro. Não seria tempo de olhar as coisas como elas são? e deixarmos a politica do castigo? Como já muitos disseram, não vamos morrer da doença,mas corremos sérios riscos de morrer da cura
Os embaraços de Jardim
Proença de Carvalho afirmou hoje, na SIC N, que Jardim chegou a limite do seu estilo e está, com isso, a embaraçar tudo e todos.A questão é que já ultrapassou os limites há muito tempo. E voltou a ultrapassar os limites hoje ao vir negar o que disse há 2 dias. E mesmo assim no comunicado confunde, com o seu estilo, as leis da República com leis socialistas. No caso concreto a lei de endividamento zero´- Enquadramento Orçamental - é de 2002 e foi aprovada pelo Governo de Durão Barroso. Há que tirar consequências politicas, para que deixe de embaraçar o País.
Mas esta atitude de Jardim que, talvez pela primeira vez na vida, significa um recuo, agora escrito, ao que havia afirmado no "calor" de um comício, revela que está assustado e que percebeu onde se meteu com o seu estilo. É que estes actos, de encobrimento ou omissão de práticas orçamentais ilegais, quando são praticados como dolo são considerados crime. E a forma como a eles se referiu no comício é a confissão clara de que tudo foi feito conscientemente e com a intenção deliberada de furar a lei.Tudo isso em nome de uma suposta legitima defesa contra a intervenção legitima do Estado.
Será que os madeirenses estão dispostos a ajudar Alberto João Jardim a deixar o lugar a partir do qual tantos embaraços tem causado a todos, nomeadamente aos próprios madeirenses? Talvez seja uma boa altura de o ajudar a sair.
Mas esta atitude de Jardim que, talvez pela primeira vez na vida, significa um recuo, agora escrito, ao que havia afirmado no "calor" de um comício, revela que está assustado e que percebeu onde se meteu com o seu estilo. É que estes actos, de encobrimento ou omissão de práticas orçamentais ilegais, quando são praticados como dolo são considerados crime. E a forma como a eles se referiu no comício é a confissão clara de que tudo foi feito conscientemente e com a intenção deliberada de furar a lei.Tudo isso em nome de uma suposta legitima defesa contra a intervenção legitima do Estado.
Será que os madeirenses estão dispostos a ajudar Alberto João Jardim a deixar o lugar a partir do qual tantos embaraços tem causado a todos, nomeadamente aos próprios madeirenses? Talvez seja uma boa altura de o ajudar a sair.
O estado da esquerda na europa
Bom conjunto de textos, sobre os desafios da social democracia na europa, podem ser vistos aqui
12 de setembro de 2011
Woody Allen no seu melhor.
Na minha próxima vida, quero viver de trás para frente.
Começar morto, para despachar logo o assunto.
Depois, acordar num lar de idosos e ir-me sentindo melhor, a cada dia que passa.
Ser expulso porque estou demasiado saudável, ir receber a reforma e começar a trabalhar, recebendo logo um relógio de ouro no primeiro dia.
Trabalhar 40 anos, cada vez mais desenvolto e saudável, até ser jovem o suficiente para entrar na faculdade, embebedar-me diariamente e ser bastante promíscuo.
E depois, estar pronto para o secundário e para o primário, tornar-me criança e só brincar, sem responsabilidades. Aí torno-me um bébé inocente até nascer.
Por fim, passo nove meses flutuando num "spa" de luxo, com aquecimento central, serviço de quarto à disposição, com um espaço maior por cada dia que passa, e depois - "Voilà!" - desapareço, num delicioso orgasmo!...
3 de setembro de 2011
Morrer da doença ou da cura
Uma das razoes, entre muitas, porque nao nos devemos automedicar tem que ver com o facto de ser preciso ter os conhecimentos que permitam fazer um diagnostico completo da doenca e, depois, saber escolher a terapêutica adequada, isto é, que seja capaz de atacar o mal sem provocar desequilíbrios fatais no funcionamento do organismo
do paciente. Precisamos, por isso, de alguém que, pelo menos em teoria, assegure que nos cure da doença e não nos mate com a cura.
Vem isto a propósito da receita que está a ser aplicada para enfrentar a crise da nossa divida publica e do deficit orçamental.
Todos estaremos de acordo que, por razoes múltiplas, umas da nossa responsabilidade, outras da responsabilidade de um sistema selvagem que presidiu, e ainda preside, à governança da economia global, estamos numa situação de grandes dificuldades que tem que ser enfrentada com toda a determinação.
O acordo com a Troika é um instrumento, que, embora gostássemos de ter evitado, estabelece uma receita, que sendo difícil de executar, deixa alguma margem para opções que, internamente, permitam conduzir o comboio do nosso destino, com atenção para evitar despistes, mas sem perder capacidade de nos transportar ou atropelando os passageiros.
Na negociação desse acordo teremos conseguido evitar a receita que foi imposta à Grécia e, posteriormente, beneficiamos ainda de alterações nos mecanismos de ajuda da UE, que nos baixaram a taxas de juro e nos alargaram os prazos de pagamento.
Assim sendo tudo parecia indicar que poderíamos, sem perda de rigor e determinação no combate ao problema, ajustar a terapia evitando os efeitos secundários da sobredosagem que, tal como na saúde, só se devera aplicar em situação limite.
Ou seja, nao podemos deixar de adoptar as medidas necessárias, mas nao estamos obrigados a ir para alem disso e, muito menos quando isso pode causar efeitos colaterais que podem por em risco o próprio Pais e a sua capacidade para se levantar.
Como dizia Antonio Costa na Quadratura do Círculo, precisamos de cumprir o acordo com a Troika, mas precisamos de tempo. O tempo do acordo é suficiente. Ir mais depressa pode conduzir ao despiste.
No mesmo sentido vai Pacheco Pereira ao referir que "cumprir com zelo o programa da Troika é fundamental. Como ninguém controla com rigor a execução orçamental, admito que nesse zelo se inclua 'ir mais longe do que a troika' para haver folga para os buracos. Mas duplicar as medidas da Troika e aplicá-las no estilo martelo pilão numa espécie de volúpia de impostos, ou pior ainda ... através de cortes estatísticos, ou seja às cegas, tem um efeito destrutivo muito para alem da recessão de dois anos prevista pelos mais optimistas"
E aqui é que bate o ponto. A receita que está a ser adoptada é uma sobredosagem face à terapêutica concertada que, segundo a imprensa de hoje, ultrapassa em 6 mil milhões de euros a poupança prometida.
E esta sobredosagem tornará insuportável a vida dos pobres, que já nao aguentam mais, provocará o empobrecimento das classes medias, potenciará ainda mais a recessão da nossa economia e afectará, seguramente, a capacidade de retoma.
O ambiente que se respira é preocupante e os sinais de depressão colectiva estão aí.
Sabendo que há muita coisa que nao depende de nós e que a Europa tem que ser capaz de encontrar soluções globais e solidarias, nao seria bom parar um pouco para pensar e, como sugere Pacheco Pereira, pedir a ajuda de sociólogos, historiadores, ou apenas gente com algum saber da vida e do Pais?
É que é preciso evitar que, para curar a doença nao se morra da cura.
do paciente. Precisamos, por isso, de alguém que, pelo menos em teoria, assegure que nos cure da doença e não nos mate com a cura.
Vem isto a propósito da receita que está a ser aplicada para enfrentar a crise da nossa divida publica e do deficit orçamental.
Todos estaremos de acordo que, por razoes múltiplas, umas da nossa responsabilidade, outras da responsabilidade de um sistema selvagem que presidiu, e ainda preside, à governança da economia global, estamos numa situação de grandes dificuldades que tem que ser enfrentada com toda a determinação.
O acordo com a Troika é um instrumento, que, embora gostássemos de ter evitado, estabelece uma receita, que sendo difícil de executar, deixa alguma margem para opções que, internamente, permitam conduzir o comboio do nosso destino, com atenção para evitar despistes, mas sem perder capacidade de nos transportar ou atropelando os passageiros.
Na negociação desse acordo teremos conseguido evitar a receita que foi imposta à Grécia e, posteriormente, beneficiamos ainda de alterações nos mecanismos de ajuda da UE, que nos baixaram a taxas de juro e nos alargaram os prazos de pagamento.
Assim sendo tudo parecia indicar que poderíamos, sem perda de rigor e determinação no combate ao problema, ajustar a terapia evitando os efeitos secundários da sobredosagem que, tal como na saúde, só se devera aplicar em situação limite.
Ou seja, nao podemos deixar de adoptar as medidas necessárias, mas nao estamos obrigados a ir para alem disso e, muito menos quando isso pode causar efeitos colaterais que podem por em risco o próprio Pais e a sua capacidade para se levantar.
Como dizia Antonio Costa na Quadratura do Círculo, precisamos de cumprir o acordo com a Troika, mas precisamos de tempo. O tempo do acordo é suficiente. Ir mais depressa pode conduzir ao despiste.
No mesmo sentido vai Pacheco Pereira ao referir que "cumprir com zelo o programa da Troika é fundamental. Como ninguém controla com rigor a execução orçamental, admito que nesse zelo se inclua 'ir mais longe do que a troika' para haver folga para os buracos. Mas duplicar as medidas da Troika e aplicá-las no estilo martelo pilão numa espécie de volúpia de impostos, ou pior ainda ... através de cortes estatísticos, ou seja às cegas, tem um efeito destrutivo muito para alem da recessão de dois anos prevista pelos mais optimistas"
E aqui é que bate o ponto. A receita que está a ser adoptada é uma sobredosagem face à terapêutica concertada que, segundo a imprensa de hoje, ultrapassa em 6 mil milhões de euros a poupança prometida.
E esta sobredosagem tornará insuportável a vida dos pobres, que já nao aguentam mais, provocará o empobrecimento das classes medias, potenciará ainda mais a recessão da nossa economia e afectará, seguramente, a capacidade de retoma.
O ambiente que se respira é preocupante e os sinais de depressão colectiva estão aí.
Sabendo que há muita coisa que nao depende de nós e que a Europa tem que ser capaz de encontrar soluções globais e solidarias, nao seria bom parar um pouco para pensar e, como sugere Pacheco Pereira, pedir a ajuda de sociólogos, historiadores, ou apenas gente com algum saber da vida e do Pais?
É que é preciso evitar que, para curar a doença nao se morra da cura.
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