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28 de março de 2011
BCE pondera aumentar a taxa de juro de referência na zona euro
Ouvi agora uma noticia que me deixou muito preocupado. O BCE prepara-se para aumentar a taxa de juro de referência que, há cerca de 2 anos, se mantém em1%. A confirmação desta noticia não ajudará nada a enfrentar a crise com que nos defrontamos. Esta provável decisão é tomada, claro está, em nome do controlo da inflação, que é a questão central do mandato do Banco. Apesar desta politica ser criticada por muitos economistas, como ainda fez hoje Krugman, as perspectivas monetaristas que comandam a acção do BCE mantêm-se. Esta posição fundamenta-se numa óptica que defende que, sempre que a inflação ultrapassa os 2%, o BCE deve intervir aumentando o juro para, assim, limitar o consumo e, com isso, controlar o aumento dos preços. Ora, sendo isto tendencialmente verdade quando a pressão inflaccionista tem origem no aumento da procura, ou seja, no aumento do consumo, importa ter em conta que a actual pressão sobre os preços não tem essa característica. A pressão inflaccionaista está, fundamentalmente, a ter origem do lado da oferta. São os preços das matérias primas, como o petróleo e também as alimentares, que estão a aumentar. E, quando isto acontece, o aumento das taxas de juro não produz, necessariamente, os efeitos desejados. Aconselho, para melhor compreensão desta tese, a visualização desta aula de economia sobre a morte e a ressurreição de Keynes. A decisão do BCE, que muitos contestam, e a confirmar-se, terá, como efeito imediato, um agravamento das condições do crédito às empresas e às famílias, ou seja, contribuirá para acrescentar mais factores de depressão na economia da zona euro e, especialmente, nos Países com mais dificuldades, como é o caso de Portugal. E isto não é, seguramente, uma boa noticia, nem para as empresas, nem para as famílias, nem, claro está, para ajudar na actual crise. O aumento da taxa de juro do BCE afectará a euribor e, por essa via, afectará, automaticamente, o aumento da prestação da casa, afectando muitos milhares de portugueses. Convenhamos que não é, exactamente, o que as famílias portuguesas precisam neste momento. Não haverá ninguém que possa meter um pouco de realismo nos processos de decisão do BCE? E a politica não pode fazer nada? Devo pedir desculpa aos economistas pelo atrevimento de me meter a comentar estas coisas. Eu, simples sociólogo. Mas parece-me que é uma questão de bom senso. Ainda por cima com o suporte em opinião de ilustres economistas.
23 de março de 2011
Teresa de Sousa e o Dia Seguinte, a propósito da crise politica
Importante e oportuno artigo de Teresa de Sousa, hoje no Publico. Será que é admissível que altos responsáveis políticos, que aspiram, legitimamnete, a governar o Pais, possam ignorar o que aqui é dito de forma tão simples e clara? Como diz Teresa de Sousa, " Alguem pensou a serio no dia seguinte?". A minha resposta, pelo que avaliu, é que ninguém pensou completamente a serio no dia seguinte. Mas nem todos têm igual responsabilidade. O PSD podia ter evitado a crise política. O que esta em causa é muito mais sério do que eventuais erros de método. Como ja aqui escrevi, o que esta em causa, hoje, não é um mero compromisso genérico com objectivos de médio prazo. O processo negocial em curso na UE, que cuiminará no Conselho Europeu desta semana, implica assumir compromissos claros e agora. Com a recusa do PEC IV, como ira acontecer por iniciativa do PSD e da restante oposição, o Governo Portugues apresentar-se-á, em Bruxelas, sem nada para dizer. Nem sequer poderá comprometer-se com os objectivos macroeconómicos, quanto mais com algumas medidas meramente exemplificativas do caminho a percorrer. E, assim sendo, com que cara e com que legitimidade poderemos lutar por melhores condições de acesso ao FEEF? O percurso tinha vindo a ser feito e terminaria no próximo Conselho Europeu. Se todos fizessem a sua parte. Portugal, com a recusa pura e simples do PEC, por decisão da oposição, assume não fazer a sua. Podemos esperar que a UE possa fazer a sua?
A ser assim parece que não resta outra alternativa que não seja, ou o recurso imediato ao FMI e ao Fundo de Resgate Europeu, nas condições actuais, como o fizeram a Grecia e a Irlanda, com os resultados que se conhecem,ou continuar a ficar sugeito às taxas incomportaveis dos mercados. É assim tão difícil de perceber ou serei eu, e tantos outros e muito mais qualificados, que estamos a ver mal?
A ser assim parece que não resta outra alternativa que não seja, ou o recurso imediato ao FMI e ao Fundo de Resgate Europeu, nas condições actuais, como o fizeram a Grecia e a Irlanda, com os resultados que se conhecem,ou continuar a ficar sugeito às taxas incomportaveis dos mercados. É assim tão difícil de perceber ou serei eu, e tantos outros e muito mais qualificados, que estamos a ver mal?
A CRISE em debate na SIC N - Março,22
Confesso que gostei da elevação e do sentido de responsabilidade assumida no debate da SIC N, por Vitor Ramalho e Ângelo Correia. Concordo mais com Vitor Ramalho, mas considero que se assistiu a um debate profundo e sério.
A posição de Ângelo Correia está quase certa, para quem defende aquele ponto de vista. Esquece, contudo, que o que está em causa na cimeira europeia é a aprovação de um novo mecanismo do FEEF, que melhora as condições de acesso ao financiamento por parte de Portugal. E para Portugal ter capacidade negocial, para a revisão desse mecanismo, não pode apresentar só compromissos macro económicos. Não é suficiente dizer que cumpre deficits de 4.6%, 3% e 2% em 2011,2012 e 2013. Tem que apresentar medidas concretas que credibilizem esse compromisso.
Penso que eventuais eleições antecipadas, que também me parecem inevitáveis, face à situação que se criou, só deveriam marcar-se depois de aprovado, em Bruxelas, um PEC que permitisse a Portugal continuar e concluir, com sucesso, o actual processo negocial em curso sobre o FEEF.
Os Partidos da oposição não precisam aprovar o PEC. Basta-lhes que não o desaprovem. E podem fazê-lo afirmando que se comprometem com os objectivos macro económicos, e com o essencial das medidas contidas no PEC, sem prejuízo de deixarem em aberto eventuais ajustamentos, a discutir, em Bruxelas, após a clarificação do quadro politico no País.
O modelo seguido na Irlanda poderia ter servido de inspiração. Mas parece-me que este cenário é, praticamente, impossível face ao que se tem ouvido nas últimas horas.
Mas é pena.Teria sido possível, sem que ninguém perdesse a face. O País fica a perder. Porque a situação é muito grave.
Em democracia há sempre soluções Mas depois de amanhã pode ser tarde e as soluções de redução de danos podem não servir para grande coisa, pelo menos em termos imediatos.Todos os actores políticos, no Parlamento e fora dele, têm que assumir as suas responsabilidades.
Penso que o Governo e o PS fizeram, mesmo que com erros de método, a sua parte, ao mostrarem-se disponíveis para discutir soluções de convergência.
Vamos ver os outros.
A posição de Ângelo Correia está quase certa, para quem defende aquele ponto de vista. Esquece, contudo, que o que está em causa na cimeira europeia é a aprovação de um novo mecanismo do FEEF, que melhora as condições de acesso ao financiamento por parte de Portugal. E para Portugal ter capacidade negocial, para a revisão desse mecanismo, não pode apresentar só compromissos macro económicos. Não é suficiente dizer que cumpre deficits de 4.6%, 3% e 2% em 2011,2012 e 2013. Tem que apresentar medidas concretas que credibilizem esse compromisso.
Penso que eventuais eleições antecipadas, que também me parecem inevitáveis, face à situação que se criou, só deveriam marcar-se depois de aprovado, em Bruxelas, um PEC que permitisse a Portugal continuar e concluir, com sucesso, o actual processo negocial em curso sobre o FEEF.
Os Partidos da oposição não precisam aprovar o PEC. Basta-lhes que não o desaprovem. E podem fazê-lo afirmando que se comprometem com os objectivos macro económicos, e com o essencial das medidas contidas no PEC, sem prejuízo de deixarem em aberto eventuais ajustamentos, a discutir, em Bruxelas, após a clarificação do quadro politico no País.
O modelo seguido na Irlanda poderia ter servido de inspiração. Mas parece-me que este cenário é, praticamente, impossível face ao que se tem ouvido nas últimas horas.
Mas é pena.Teria sido possível, sem que ninguém perdesse a face. O País fica a perder. Porque a situação é muito grave.
Em democracia há sempre soluções Mas depois de amanhã pode ser tarde e as soluções de redução de danos podem não servir para grande coisa, pelo menos em termos imediatos.Todos os actores políticos, no Parlamento e fora dele, têm que assumir as suas responsabilidades.
Penso que o Governo e o PS fizeram, mesmo que com erros de método, a sua parte, ao mostrarem-se disponíveis para discutir soluções de convergência.
Vamos ver os outros.
22 de março de 2011
Maria João Rodrigues analisa a crise
Gosto sempre de ler a opinião avisada de Maria João Rodrigues.
Aqui deixo mais uma entrevista de quem conhece bem os meandros da negociação europeia e que tem uma leitura, a meu ver realista, da situação e dos problemas com que nos confrontamos.
Aqui deixo mais uma entrevista de quem conhece bem os meandros da negociação europeia e que tem uma leitura, a meu ver realista, da situação e dos problemas com que nos confrontamos.
Ainda é possível evitar a crise politica
Penso, sinceramente, que se forem colocados os interesses do País a cima de questões secundárias, que é possível encontrar saídas que, não retirando face a ninguém, salvaguardem os interesses nacionais, permitindo-nos encarar o próximo Conselho Europeu com a cara levantada e com um compromisso forte da Portugal. Compromisso esse que permitirá mostrar que fizemos o trabalho de casa e por, isso, nos dará força para que a Europa faça a sua parte.
O apelo de Francisco Assis aos restantes partidos deve, por isso , ser ouvido.
O apelo de Francisco Assis aos restantes partidos deve, por isso , ser ouvido.
21 de março de 2011
Bom senso e sentido de responsabilidade precisam-se para enfrentar a crise evitando uma crise politica
É importante que o bom senso prevaleça na gestão da actual crise...O Governo aprovou as propostas de revisão do PEC. A AR é, agora,chamada a discuti-lo. Depois dos esclarecimentos prestados parece que estão reunidas as condições para que a discussão se faça em torno das questões da substância e não da forma. Que se apresentem as soluções. A crise politica ainda pode ser evitada. Se prevalecer o bom senso e se o interesse nacional estiver em primeiro lugar para todos os protagonistas.
Mesmo admitindo que a metodologia adoptada pelo Governo possa não ter sido a mais adequada, não me parece que as questões de forma, apesar de serem importantes, possam justificar a abertura de uma crise politica que prejudicará muito o País.
Se há acordo nos objectivos a atingir, ou seja, nos objectivos de deficit para 2011, 2012 e 2013, importa que se encontre o consenso sobre as medidas a adoptar. Cada Partido politico tem a responsabilidade e a legitimidade para propor as medidas que, do seu ponto de vista, são mais adequadas à prossecução daqueles objectivos, com o menor custo possível para os grupos sociais mais fragilizados.
Importa que todos respeitem, com sinceridade, as opiniões dos outros, na procura das melhores soluções. Ainda há tempo para evitar a abertura de uma crise politica e marcar presença no próximo Conselho Europeu com uma proposta que,honrando os compromissos que temos que assumir, mostre uma vontade firme das principais forças politicas em enfrentar este momento difícil e, assim, reforçar a capacidade negocial do Governo para lutar pela flexibilização do FEEF.
Que impere o bom senso e o sentido de responsabilidade... De todos
Mesmo admitindo que a metodologia adoptada pelo Governo possa não ter sido a mais adequada, não me parece que as questões de forma, apesar de serem importantes, possam justificar a abertura de uma crise politica que prejudicará muito o País.
Se há acordo nos objectivos a atingir, ou seja, nos objectivos de deficit para 2011, 2012 e 2013, importa que se encontre o consenso sobre as medidas a adoptar. Cada Partido politico tem a responsabilidade e a legitimidade para propor as medidas que, do seu ponto de vista, são mais adequadas à prossecução daqueles objectivos, com o menor custo possível para os grupos sociais mais fragilizados.
Importa que todos respeitem, com sinceridade, as opiniões dos outros, na procura das melhores soluções. Ainda há tempo para evitar a abertura de uma crise politica e marcar presença no próximo Conselho Europeu com uma proposta que,honrando os compromissos que temos que assumir, mostre uma vontade firme das principais forças politicas em enfrentar este momento difícil e, assim, reforçar a capacidade negocial do Governo para lutar pela flexibilização do FEEF.
Que impere o bom senso e o sentido de responsabilidade... De todos
20 de março de 2011
16 de março de 2011
11 de março de 2011
Exposição 3 Territórios- Artesanato Português em Paris
A exposição de artesanato português, espanhol e francês, que esteve patente ao público em Fevereiro,em Lisboa no Espaço Docas, já rumou a Paris e pode ser vista, das 9h30 às 13h00 e das 14h00 às 18h00 no Institut National des Métiers d'Art, Viaduc des Arts, 23, avenue Daumesnil.
Pode ver aqui algumas imagens das diferentes peças em exibição,que são uma mostra da qualidade e beleza do nosso artesanato.
Sugiro, sinceramente, a quem me ler, e que passe por Paris, que passe por lá. Vale a pena.
Pode ver aqui algumas imagens das diferentes peças em exibição,que são uma mostra da qualidade e beleza do nosso artesanato.
Sugiro, sinceramente, a quem me ler, e que passe por Paris, que passe por lá. Vale a pena.
10 de março de 2011
A crise da divida soberana e a última emissão de obrigações do tesouro
Portugal colocou ontem mil milhões de euros de obrigações do tesouro a uma taxa de 5.99%.
Segundo o Secretario de Estado do Tesouro os níveis a que o Estado se financiou " não são sustentáveis a prazo, mas ainda são comportáveis no presente, o que reforça a necessidade de medidas a nível europeu".
Refere ainda o SE, e bem, que Portugal tem feito o trabalho de casa e que, por isso, importa que a Europa faça o que lhe compete, ou seja, que adopte " um plano europeu urgente de medidas que tornem o Fundo de Resgate mais flexível".
É por aqui que passa a solução, como já aqui tenho referido, em linha com obque outros, quer nacionais, quer estrangeiros, mais de esquerda ou mais liberais, têm vindo a defender, de forma mais sustentada do que eu, como é o caso de Maria João Rodrigues, Pedro Adão e Silva, Paulo Pedroso, Adriano Moreira, De Grauwe, Strauss Khan, entre muitos outros.
As atenções estão centradas nas decisões dos próximos Conselhos Europeus.
Do que daí sair muito dependerá o futuro próximo, quer para Portugal, quer para a zona euro.
Aparentemente há condições para para que se encontrem soluções capazes de enfrentar uma crise que é de todos.
Assim saiba a Europa evitar egoísmos que, como referia ontem Adriano Moreira, já, noutros momentos, tantos males causaram à Europa e ao Mundo.
Volto a repetir a mesma ideia que já aqui referi mais que uma vez: impõe-se encontrar mecanismos de intervenção à escala europeia que, orientados para o conjunto do espaço europeu e da zona euro, sejam efectivas ajudas aos Países em dificuldades e sujeitos à pressão especulativa dos mercados, e que não se traduzam num castigo para quem a eles recorra.
Não adianta pressionar, ou deixar que isso aconteça, para o recurso a mecanismos de resgate quando, o que estes oferecem, não é mais que uma espécie de cadafalso.
Quem estará disposto a isso? E em beneficio de quem? Dos Países que se opõem à adopção dessas medidas? Como bem lembrou, no seu blog Paulo Pedroso?
Que o bom senso e o sentido do interesse europeu prevaleça.
Aguardemos.
Segundo o Secretario de Estado do Tesouro os níveis a que o Estado se financiou " não são sustentáveis a prazo, mas ainda são comportáveis no presente, o que reforça a necessidade de medidas a nível europeu".
Refere ainda o SE, e bem, que Portugal tem feito o trabalho de casa e que, por isso, importa que a Europa faça o que lhe compete, ou seja, que adopte " um plano europeu urgente de medidas que tornem o Fundo de Resgate mais flexível".
É por aqui que passa a solução, como já aqui tenho referido, em linha com obque outros, quer nacionais, quer estrangeiros, mais de esquerda ou mais liberais, têm vindo a defender, de forma mais sustentada do que eu, como é o caso de Maria João Rodrigues, Pedro Adão e Silva, Paulo Pedroso, Adriano Moreira, De Grauwe, Strauss Khan, entre muitos outros.
As atenções estão centradas nas decisões dos próximos Conselhos Europeus.
Do que daí sair muito dependerá o futuro próximo, quer para Portugal, quer para a zona euro.
Aparentemente há condições para para que se encontrem soluções capazes de enfrentar uma crise que é de todos.
Assim saiba a Europa evitar egoísmos que, como referia ontem Adriano Moreira, já, noutros momentos, tantos males causaram à Europa e ao Mundo.
Volto a repetir a mesma ideia que já aqui referi mais que uma vez: impõe-se encontrar mecanismos de intervenção à escala europeia que, orientados para o conjunto do espaço europeu e da zona euro, sejam efectivas ajudas aos Países em dificuldades e sujeitos à pressão especulativa dos mercados, e que não se traduzam num castigo para quem a eles recorra.
Não adianta pressionar, ou deixar que isso aconteça, para o recurso a mecanismos de resgate quando, o que estes oferecem, não é mais que uma espécie de cadafalso.
Quem estará disposto a isso? E em beneficio de quem? Dos Países que se opõem à adopção dessas medidas? Como bem lembrou, no seu blog Paulo Pedroso?
Que o bom senso e o sentido do interesse europeu prevaleça.
Aguardemos.
8 de março de 2011
Os acontecimentos de Viseu e a obcessão de Mário Crespo
A SIC-N abriu o Jornal das Nove, de hoje, com a noticia dos acontecimentos de ontem no jantar do PS em Viseu. Até aqui nada de mal. O que aconteceu é noticia e, como tal, pode e deve ser tratado.
O que já não parece normal é que toda a noticia, que serviu de mote, aliás, à conversa com Laurinda Alves - que, com todo o respeito que tenho por ela, e é muito, se prestou, também, a um papel que não precisava - se tenha centrado no direito a um grupo de jovens ser ouvido pelo PM e SG do PS. Claro que têm esse direito. Todos temos o direito de ser ouvidos e de nos fazer ouvir.
Mas o que aconteceu terá sido isso? Aquele grupo de jovens tentou fazer-se ouvir, ou tentou perturbar uma iniciativa privada de um Partido politico?
Será normal que um jornalista trate esta noticia sem enquadrar e discutir o que aconteceu?
Ou seria normal que, neste momento, um grupo de jovens tentasse entrar nos estúdios da SIC, de megafone na mão, tentado impedir o Mário Crespo de falar? E se isso acontecesse, o que fariam os seguranças da SIC? deixariam entrar os jovens e davam-lhe acesso ao microfone?
Será que estou a ver a coisa mal ou o que seria normal, na atitude daqueles jovens, seria, uma vez que estavam numa iniciativa de um partido politico, que tomassem o seu lugar na mesa do jantar, para que parece terem pago o bilhete, ouvido o SG do PS, que estava no uso da palavra, e no fim, tivessem pedido a palavra, sem uso de megafone, colocando as questões que entendessem.
Tratar-se-ia de uma atitude de quem queria fazer-se ouvir, embora, convenhamos, não seja muito comum em iniciativas desta natureza. Numa iniciativa desta natureza há regras para se participar. E tratando-se de uma iniciativa partidária têm direito a falar os que lhe pertencem ou que tenham sido convidados. E mesmo, assim, quando a sessão prevê debate. O que nem sempre é o caso.
Ora o que aconteceu, e pela forma como as coisas se desenrolaram, foi, efectivamente, uma tentativa programada de perturbar uma iniciativa de um Partido politico. E isso é lamentável. E lamentável, também, que um jornalista, com a responsabilidade de Mário Crespo trate o assunto de forma tão enviesada. Não lhe fica bem e não é uma forma, a meu ver correcta, de fazer jornalismo.
E confesso que gostaria de ter ouvido alguma demarcação de Laurinda Alves desta forma de fazer jornalismo. Ela, que estava a apresentar um livro sobre comunicação, tinha essa obrigação. Não o fez. Foi pena.
Nunca é demais lembrar, e a comunicação social tem essa obrigação, que, em democracia, a liberdade de uns acaba onde começa a liberdade dos outros.
O que já não parece normal é que toda a noticia, que serviu de mote, aliás, à conversa com Laurinda Alves - que, com todo o respeito que tenho por ela, e é muito, se prestou, também, a um papel que não precisava - se tenha centrado no direito a um grupo de jovens ser ouvido pelo PM e SG do PS. Claro que têm esse direito. Todos temos o direito de ser ouvidos e de nos fazer ouvir.
Mas o que aconteceu terá sido isso? Aquele grupo de jovens tentou fazer-se ouvir, ou tentou perturbar uma iniciativa privada de um Partido politico?
Será normal que um jornalista trate esta noticia sem enquadrar e discutir o que aconteceu?
Ou seria normal que, neste momento, um grupo de jovens tentasse entrar nos estúdios da SIC, de megafone na mão, tentado impedir o Mário Crespo de falar? E se isso acontecesse, o que fariam os seguranças da SIC? deixariam entrar os jovens e davam-lhe acesso ao microfone?
Será que estou a ver a coisa mal ou o que seria normal, na atitude daqueles jovens, seria, uma vez que estavam numa iniciativa de um partido politico, que tomassem o seu lugar na mesa do jantar, para que parece terem pago o bilhete, ouvido o SG do PS, que estava no uso da palavra, e no fim, tivessem pedido a palavra, sem uso de megafone, colocando as questões que entendessem.
Tratar-se-ia de uma atitude de quem queria fazer-se ouvir, embora, convenhamos, não seja muito comum em iniciativas desta natureza. Numa iniciativa desta natureza há regras para se participar. E tratando-se de uma iniciativa partidária têm direito a falar os que lhe pertencem ou que tenham sido convidados. E mesmo, assim, quando a sessão prevê debate. O que nem sempre é o caso.
Ora o que aconteceu, e pela forma como as coisas se desenrolaram, foi, efectivamente, uma tentativa programada de perturbar uma iniciativa de um Partido politico. E isso é lamentável. E lamentável, também, que um jornalista, com a responsabilidade de Mário Crespo trate o assunto de forma tão enviesada. Não lhe fica bem e não é uma forma, a meu ver correcta, de fazer jornalismo.
E confesso que gostaria de ter ouvido alguma demarcação de Laurinda Alves desta forma de fazer jornalismo. Ela, que estava a apresentar um livro sobre comunicação, tinha essa obrigação. Não o fez. Foi pena.
Nunca é demais lembrar, e a comunicação social tem essa obrigação, que, em democracia, a liberdade de uns acaba onde começa a liberdade dos outros.
6 de março de 2011
Ainda a crise
Bom artigo de Pedro Adao e Silva no Expresso desta semana, a propósito da crise da divida soberana e do controlo do deficit. A tese central do artigo é que " a austeridade unilateral é contraproducente se a Europa não fizer a sua parte".
Subscrevo inteiramente e acompanho as diferentes questões levantadas no artigo.
Alias, não consigo entender a teimosia do eixo franco-alemão e da Alemanha em particular, em recusarem o entendimento de que, como refere Wolfgang Münchau, citado por Pedro Adao, na linha de tantos outros economistas, " esta crise é tanto alemã como espanhol" e que " este reconhecimento deve ser o ponto de partida para qualquer sistema eficaz de resolução".
A surdez que vem das grandes potências europeias pode ter explicação numa leitura ideológica e politica, quer quanto à
necessidade de retirada do Estado das economias, deixando aos mercados a resolução dos problemas, na linha do salve-se quem puder, quer quanto a uma ideia de superioridade moral de alguns, que se acham no direito de castigar quem, supostamente, se portou mal.
Estas teorias têm adeptos quer na Alemanha quer em Portugal. Ouvi, esta semana, declarações do ex-presidente da CIP que me deixaram estarrecido.
JA aqui defendi, noutro post, que as soluções para a crise passam, antes de mais, por olhar para a intervencao, nas economias mais débeis,como forma de atacar um problema que é global e que essa intervenção deve ser olhada como uma ajuda e não como um castigo.
Mas, para alem daquelas explicações político-ideológicas, há uma outra explicação também identificada por Pedro Adão, que tem que ver com a Natureza das lideranças europeias. Tal como ele, também acho que a situação seria completamente diferente se houvesse mais espirito europeu no pensamento dos actuais lideres.
Tal como ele, também me parece que com lideres como Helmut Kohl, Gonzalez e Delors as coisas seriam diferentes.
Em resumo, como ja tenho escrito, acompanhando muitos outros, a superação da actual crise passa por mais Europa e impoe a emergência de lideres capazes de sustentar um projecto europeu que, incorporando soluções para os novos problemas do mundo em mudança acelerada, não abandone a conquista civilizacional que representou, e continua representar, o modelo social europeu, que foi possível construir numa feliz concertacao entre as famílias social-democrata e democrata-cristã.
Subscrevo inteiramente e acompanho as diferentes questões levantadas no artigo.
Alias, não consigo entender a teimosia do eixo franco-alemão e da Alemanha em particular, em recusarem o entendimento de que, como refere Wolfgang Münchau, citado por Pedro Adao, na linha de tantos outros economistas, " esta crise é tanto alemã como espanhol" e que " este reconhecimento deve ser o ponto de partida para qualquer sistema eficaz de resolução".
A surdez que vem das grandes potências europeias pode ter explicação numa leitura ideológica e politica, quer quanto à
necessidade de retirada do Estado das economias, deixando aos mercados a resolução dos problemas, na linha do salve-se quem puder, quer quanto a uma ideia de superioridade moral de alguns, que se acham no direito de castigar quem, supostamente, se portou mal.
Estas teorias têm adeptos quer na Alemanha quer em Portugal. Ouvi, esta semana, declarações do ex-presidente da CIP que me deixaram estarrecido.
JA aqui defendi, noutro post, que as soluções para a crise passam, antes de mais, por olhar para a intervencao, nas economias mais débeis,como forma de atacar um problema que é global e que essa intervenção deve ser olhada como uma ajuda e não como um castigo.
Mas, para alem daquelas explicações político-ideológicas, há uma outra explicação também identificada por Pedro Adão, que tem que ver com a Natureza das lideranças europeias. Tal como ele, também acho que a situação seria completamente diferente se houvesse mais espirito europeu no pensamento dos actuais lideres.
Tal como ele, também me parece que com lideres como Helmut Kohl, Gonzalez e Delors as coisas seriam diferentes.
Em resumo, como ja tenho escrito, acompanhando muitos outros, a superação da actual crise passa por mais Europa e impoe a emergência de lideres capazes de sustentar um projecto europeu que, incorporando soluções para os novos problemas do mundo em mudança acelerada, não abandone a conquista civilizacional que representou, e continua representar, o modelo social europeu, que foi possível construir numa feliz concertacao entre as famílias social-democrata e democrata-cristã.
concertação estratégica no PS
São várias as vozes que se têm manifestado em defesa de uma inevitável concertação estratégica entre os partidos do arco de governo, especialmente entre o PS e o PSD, tendo em vista encontrar soluções de médio prazo para enfrentar a crise que atravessamos.
Na última semana foi a vez de Jorge Sampaio. Afirmando que Portugal está "em apuros", aponta que a solução deverá passar pela capacidade de as principais forças politicas para criarem " uma plataforma de entendimento" para os próximos dez anos, não só "para sanear as finanças públicas" mas também para a execução de um "plano de crescimento a médio prazo".
Esta concertação estratégica é, a meu ver, indispensável e imperativa.
Contudo ela só será útil se não significar a criação de um pântano politico que poderia ser criado se significasse a diluição dos projectos políticos dos partidos envolvidos nesse esforço patriótico, em torno de um qualquer centrão tecnocratizado.
Na última semana foi a vez de Jorge Sampaio. Afirmando que Portugal está "em apuros", aponta que a solução deverá passar pela capacidade de as principais forças politicas para criarem " uma plataforma de entendimento" para os próximos dez anos, não só "para sanear as finanças públicas" mas também para a execução de um "plano de crescimento a médio prazo".
Esta concertação estratégica é, a meu ver, indispensável e imperativa.
Contudo ela só será útil se não significar a criação de um pântano politico que poderia ser criado se significasse a diluição dos projectos políticos dos partidos envolvidos nesse esforço patriótico, em torno de um qualquer centrão tecnocratizado.
Para que haja concertação é indispensável uma clarificação clara dos campos para que a negociação se possa fazer sem rodeios e sem fintas. Para que todos saibamos onde estamos a ceder e onde estamos a criar pontos de entendimento.
Sou dos que pensa, e já o disse aqui, que foi importante a afirmação clara de uma opção liberal por parte da liderança de Passos Coelho. Isso clarifica e , ao fazê-lo, ajuda ao dialogo.
Do lado do PS também há ideias claras sobre o caminho a seguir.Temos uma declaração de princípios que é clara na delimitação dos nossos caminhos.
Sou de opinião, contudo, que importa construir uma proposta mais pragmática para enfrentar a situação actual.Precisamos de ajustar respostas para enfrentar com sucesso a situação no País e preparar melhor a nossa posição na União Europeia e no movimento socialista.
Sou dos que pensa, e já o disse aqui, que foi importante a afirmação clara de uma opção liberal por parte da liderança de Passos Coelho. Isso clarifica e , ao fazê-lo, ajuda ao dialogo.
Do lado do PS também há ideias claras sobre o caminho a seguir.Temos uma declaração de princípios que é clara na delimitação dos nossos caminhos.
Sou de opinião, contudo, que importa construir uma proposta mais pragmática para enfrentar a situação actual.Precisamos de ajustar respostas para enfrentar com sucesso a situação no País e preparar melhor a nossa posição na União Europeia e no movimento socialista.
E para que isso aconteça é, igualmente, imperioso que haja capacidade de concertação estratégica no interior do próprio PS, contando, para este grande desafio, com todos os que têm opinião e experiência. A reformulação do programa politico do PS, no quadro da sua declaração de princípios, não pode, nem deve, ser feita com a dispensa de qualquer uma das sensibilidades que constituem a família socialista.
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